Tonny Cajazeiras é cantor, compositor e multi-instrumentista maranhense. Apresenta em sua discografia vertentes da música nordestina como seresta, forró, baião, xote, bolero, reggae ludovicense e o arrocha, é considerado o precursor do ritmo brega na região do Baixo Parnaíba, nordeste do estado. Nasceu Antonio Alves de Oliveira em 3 de maio de 1949 no povoado de Mucuím, distrito da cidade de Chapadinha, a 274 Km de São Luis, capital do Maranhão. Filho de trabalhadores rurais, é cantador e sanfoneiro por profissão, nunca aprendeu a ler ou escrever, tem quatro discos e mais de 50 composições gravadas por outros artistas. Têm 10 filhos e “mais de cem composições na cabeça ainda não gravadas”.
De forma autodidata, aos 11 anos iniciou sua carreira musical primeiro como pandeirista, logo depois se dedicando exclusivamente a sanfona, seu principal instrumento há 50 anos. “Desde menino eu ia pras festas aqui na região e ficava a noite inteira sem tirar o olho dos tocadores, com a maior vontade de mexer nos instrumentos. Os dedos ficavam coçando, mas não dizia nada pra ninguém dessa vontade louca”. As mulheres são um tema recorrente nas composições de Cajazeiras, sempre com bom humor – característica da música brega de hoje – as muitas histórias de amor faz jus a sua fama de galanteador. Para ele, cada uma dessas histórias são verdadeiras lições de vida.
“Quatro Paredes”, música inédita. Participação de “manelin” do forró, seu irmão
Tendo como sua principal influência o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989), Tonny queria – assim como seu ídolo – falar da vida do povo nos povoados do nordeste, dos pés de cajá, de carambola, das muriçocas (pernilongos) e da leitôa assada – Essa foi a principal característica de suas obras. Numa festa próximo ao seu povoado, sua carreira como músico e “cantor do povo” começou. “Até que um dia veio um trio de forró tocar aqui no povoado e chegaram sem um pandeirista. Eu nunca tinha “triscado” o dedo num pandeiro, mas disse que sabia tocar. O sanfoneiro começou a desenrolar a música e eu peguei o jeito do instrumento e comecei a bater em cima da música, ele gostou e naquele dia eu toquei a noite inteira com o grupo”.
O que chama a atenção nas músicas de Cajazeiras é o seu potencial de criar um “hit”. Lembro-me quando criança, suas músicas representavam o estilo musical vindo de Chapadinha para todo o estado. Dentro da cidade, era uma verdadeira febre, um orgulho municipal. “Enquanto eu tocava o pandeiro ficava mesmo era de olho na sanfona, dizendo comigo mesmo que se eu pegasse o instrumento eu ia tocar pra valer. No outro dia minha mão estava toda inchada, aí comecei a “aperrear” minha mãe dizendo que queria ser tocador, minha mãe não acreditou mas me disse que ia falar com meu pai. E todo dia eu não parava de falar da sanfona”.
Alguns meses depois – de tanto pensar na sanfona – finalmente o instrumento veio até ele. Ainda estamos em 1960 e Cajazeiras tem 11 anos. “Chegou um senhor em casa com uma sanfona e pediu para meu irmão cuidar do instrumento. Eu pedi pro meu irmão para tocar e ele na deixou, eu fiquei lá brigando, brigando, pedindo pra tocar, pedindo, pedindo, só pra ver como era, falei tanto que ele deixou eu colocar a sanfona no corpo. Quando coloquei os dedos já foram certinho, já toquei uma música assim de primeira e todo mundo ficou besta lá em casa. O dono da sanfona ouviu a zoada de longe e veio correndo ver quem tava tocando. Ele se espantou quando me viu e disse que já estava há três anos treinando e não tinha aprendido e eu que nunca tinha pegado no instrumento já sabia mexer em tudo”.
versão na sanfona de “Cadeira de Bar”, clássico do primeiro disco.
Mesmo trabalhando na lavoura, assim como seus irmãos, daquele dia em diante Tonny só pensava na sanfona. Alguns dias depois, sua mãe conseguiu convencer seu marido, pai de Cajazeiras, a comprar o instrumento. “Meu pai dizia que não queria saber de cantor em casa e que era a enxada que tava me esperando. Um dia minha mãe mandou eu ir no comercio do Dean Amorin, lá na cidade, em Chapadinha, buscar uma mercadoria, mas não disse o que era. Eu fui e quando cheguei lá era uma sanfona de 80 baixos. Eu quase morri de alegria. Eu vim na bicicleta sorrindo com os paus das cercas, morto de feliz. Cheguei em casa e não queria almoçar, nem brincar nem nada, só fiquei mexendo na “sanfonôna”.
Finalmente o jovem músico tinha seu próprio instrumento, dali em diante, não demoraria muito para fazer seu primeiro show. E não demorou muito mesmo. “No outro dia eu já sabia várias músicas. Ai no outro dia eu comecei a costurar uma roupa pra mim, do jeito que eu tinha aprendido com minha mãe: eu fiz minha primeira roupa de show. Dois dias depois meu pai me levou num povoado vizinho ao nosso – chamado Santa Fé – e eu toquei a noite todinha numa festa e foi a maior alegria do povo lá, todo mundo gostou e meu pai ganhou um trocado e deixou eu tocar na noite dali em diante. Eu nem queria saber de dinheiro, só pensava em ficar acordado de noite, tocando, fazendo a alegria do pessoal”.
Mesmo tocando a vida toda, Tonny Cajazeiras ganhou fama primeiro como compositor na região, fez muitos shows ao longo de sua vida, mas só entrou no estúdio pela primeira vez aos 50 anos. “Quando fui gravar o primeiro disco, isso já em 1999, quem me ajudou foi o empresário e cantor Arão Pinheiro (dono da loja Pinheiro Móveis). Como eu já tinha feito umas músicas pra ele gravar como cantor, não tinha pedido nada em troca das músicas, só pedi uma força quando fosse gravar minhas próprias músicas. Conversei com ele e fomos eu, ele e a sua esposa, Dona Cissa, para Belém/PA, num estúdio de um amigo do Arão. As gravações iam durar um mês, mas foi todo feito em dois dias e meio”.
Músico nato e sem nenhuma habilidade com partituras ou até mesmo com a escrita, já que é analfabeto, Cajazeiras conta como começou a gravar. Método esse que ele usa até hoje. “Quando fui gravar o produtor me pediu as músicas anotadas, eu só apontei pra cabeça dizendo que tava tudo na minha cabeça, ele achou que eu era um louco e não queria gravar. Aí eu disse pra ele botar um E (Mi maior) no teclado, ele botou e eu já “arrochei” a primeira música, que foi a canção “A Gigana Falou”. Quando acabou ele ficou espantando, aí pedi outro tom e já fomos gravando tudo, eu ia dizendo na boca como era os solos da introdução e as músicas foram surgindo. No final ele disse que eu era um fenômeno”.
Cajazeiras explica como compôs “Pé de Cajazeira”
Entrevista concedida no dia 14 de Outubro de 2010 em sua casa, na Cidade Nova, povoado que fica a 10km de Chapadinha, a nordeste do Maranhão.
Discografia (clique para fazer o download)
1999 – Tonny Cajazeiras (gravado em Belém, Pará)
2001 – Reggae Chap (gravado no Rio de Janeiro)
2006 – Fôrma de fazer Gente
2010 – Tonny Cajazeiras e sua Sanfona
Nota do jornalista:
A primeira vez que ouvi falar de Tonny Cajazeiras foi em 1999, no lançamento do seu primeiro disco. Eu, ainda adolescente, vi a fama desse cabôco sair da cidade e atingir todo o estado. O seu potencial de criar canções populares era impressionante e rapidamente suas músicas correram toda a cidade e caiu na boca do povo. Após o sucesso do seu primeiro disco, Cajazeiras se tornou um artista muito visado na região, o que lhe rendeu o convite de um produtor para gravar e “tentar a sorte” na cidade do Rio de Janeiro, onde gravou seu segundo disco, Reggae Chap. Porém, o compositor não se habitou a cidade e, como conta em sua música “Caboclo índio”, do disco Tonny Cajazeiras e Sua Sanfona, “chorei de saudade, lembrando das minhas amizades, meus amigos meu torrão, voltei porque aqui já conhecem o meu rojão”.
De volta, continua sua peregrinação por aquilo que ele mais gosta: tocar pelas centenas de povoados que existem entre Chapadinha e Mata Roma. Nos vai-e-vem da vida, ele grava o terceiro disco, o Fôrma de Fazer Gente, outro grande sucesso em todo o estado. Nesta época Cajazeiras ganha o apelido de “O Índio do Brega” e começa a produzir músicas mais dançantes. Uma peculiaridade neste disco é que em todas as músicas há uma introdução de um locutor, que apresenta o tema central da música ou que complementa a letra que virá a seguir. Algo característico do reggae maranhense e da música brega nordestina.
O quarto disco é o melhor, em minha opinião. Nele, todas as melodias são baseadas na sanfona e apresentam maior maturidade musical e melhores condições técnicas de gravação, incluindo músicas instrumentais, até então inédito em sua discografia. Quatro músicas foram incluídas as pressas neste disco. Isso porque a prefeita da cidade de Mata Roma, Carmen Neto, prometeu que se Cajazeiras colocasse quatro músicas de quadrilha (São João) o governo municipal daquela cidade bancaria o disco todo. Com sua habilidade de repentista, o músico criou as quatro músicas num só dia e já se pôs a gravar.
Primeiro consegui o número de uma vizinha dele, que me colocou para falar com ele. Saindo dos limites de Chapadinha, eu não sabia exatamente onde encontrar sua casa. A única referência que tinha era seguir a estrada de chão durante 10km. Avistei o povoado de Cidade Nova e comecei a perguntar por Cajazeiras, é claro que todo mundo sabia onde o sanfoneiro morava. Cheguei lá e ficamos uma tarde na calçada. Ele logo identificou pessoas da minha família que conhecia, isso facilitou o encontro. E daí começamos a gravar. A sua musicalidade é o que mais me impressionou. Afinal, são 49 anos em cima do palco, criando músicas, testando melodias. Nas gravações que fiz naquela tarde, ele queria mesmo era mostrar músicas inéditas, devido a sua ânsia de mostrar coisas novas. Por insistência minha, gravamos duas músicas do primeiro disco – o clássico. Pra mim,foi uma honra gravá-las.
“Seca no Maranhão” é uma canção inédita, feita sob encomenda"
De forma autodidata, aos 11 anos iniciou sua carreira musical primeiro como pandeirista, logo depois se dedicando exclusivamente a sanfona, seu principal instrumento há 50 anos. “Desde menino eu ia pras festas aqui na região e ficava a noite inteira sem tirar o olho dos tocadores, com a maior vontade de mexer nos instrumentos. Os dedos ficavam coçando, mas não dizia nada pra ninguém dessa vontade louca”. As mulheres são um tema recorrente nas composições de Cajazeiras, sempre com bom humor – característica da música brega de hoje – as muitas histórias de amor faz jus a sua fama de galanteador. Para ele, cada uma dessas histórias são verdadeiras lições de vida.
“Quatro Paredes”, música inédita. Participação de “manelin” do forró, seu irmão
Tendo como sua principal influência o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1989), Tonny queria – assim como seu ídolo – falar da vida do povo nos povoados do nordeste, dos pés de cajá, de carambola, das muriçocas (pernilongos) e da leitôa assada – Essa foi a principal característica de suas obras. Numa festa próximo ao seu povoado, sua carreira como músico e “cantor do povo” começou. “Até que um dia veio um trio de forró tocar aqui no povoado e chegaram sem um pandeirista. Eu nunca tinha “triscado” o dedo num pandeiro, mas disse que sabia tocar. O sanfoneiro começou a desenrolar a música e eu peguei o jeito do instrumento e comecei a bater em cima da música, ele gostou e naquele dia eu toquei a noite inteira com o grupo”.
O que chama a atenção nas músicas de Cajazeiras é o seu potencial de criar um “hit”. Lembro-me quando criança, suas músicas representavam o estilo musical vindo de Chapadinha para todo o estado. Dentro da cidade, era uma verdadeira febre, um orgulho municipal. “Enquanto eu tocava o pandeiro ficava mesmo era de olho na sanfona, dizendo comigo mesmo que se eu pegasse o instrumento eu ia tocar pra valer. No outro dia minha mão estava toda inchada, aí comecei a “aperrear” minha mãe dizendo que queria ser tocador, minha mãe não acreditou mas me disse que ia falar com meu pai. E todo dia eu não parava de falar da sanfona”.
Alguns meses depois – de tanto pensar na sanfona – finalmente o instrumento veio até ele. Ainda estamos em 1960 e Cajazeiras tem 11 anos. “Chegou um senhor em casa com uma sanfona e pediu para meu irmão cuidar do instrumento. Eu pedi pro meu irmão para tocar e ele na deixou, eu fiquei lá brigando, brigando, pedindo pra tocar, pedindo, pedindo, só pra ver como era, falei tanto que ele deixou eu colocar a sanfona no corpo. Quando coloquei os dedos já foram certinho, já toquei uma música assim de primeira e todo mundo ficou besta lá em casa. O dono da sanfona ouviu a zoada de longe e veio correndo ver quem tava tocando. Ele se espantou quando me viu e disse que já estava há três anos treinando e não tinha aprendido e eu que nunca tinha pegado no instrumento já sabia mexer em tudo”.
versão na sanfona de “Cadeira de Bar”, clássico do primeiro disco.
Mesmo trabalhando na lavoura, assim como seus irmãos, daquele dia em diante Tonny só pensava na sanfona. Alguns dias depois, sua mãe conseguiu convencer seu marido, pai de Cajazeiras, a comprar o instrumento. “Meu pai dizia que não queria saber de cantor em casa e que era a enxada que tava me esperando. Um dia minha mãe mandou eu ir no comercio do Dean Amorin, lá na cidade, em Chapadinha, buscar uma mercadoria, mas não disse o que era. Eu fui e quando cheguei lá era uma sanfona de 80 baixos. Eu quase morri de alegria. Eu vim na bicicleta sorrindo com os paus das cercas, morto de feliz. Cheguei em casa e não queria almoçar, nem brincar nem nada, só fiquei mexendo na “sanfonôna”.
Finalmente o jovem músico tinha seu próprio instrumento, dali em diante, não demoraria muito para fazer seu primeiro show. E não demorou muito mesmo. “No outro dia eu já sabia várias músicas. Ai no outro dia eu comecei a costurar uma roupa pra mim, do jeito que eu tinha aprendido com minha mãe: eu fiz minha primeira roupa de show. Dois dias depois meu pai me levou num povoado vizinho ao nosso – chamado Santa Fé – e eu toquei a noite todinha numa festa e foi a maior alegria do povo lá, todo mundo gostou e meu pai ganhou um trocado e deixou eu tocar na noite dali em diante. Eu nem queria saber de dinheiro, só pensava em ficar acordado de noite, tocando, fazendo a alegria do pessoal”.
Mesmo tocando a vida toda, Tonny Cajazeiras ganhou fama primeiro como compositor na região, fez muitos shows ao longo de sua vida, mas só entrou no estúdio pela primeira vez aos 50 anos. “Quando fui gravar o primeiro disco, isso já em 1999, quem me ajudou foi o empresário e cantor Arão Pinheiro (dono da loja Pinheiro Móveis). Como eu já tinha feito umas músicas pra ele gravar como cantor, não tinha pedido nada em troca das músicas, só pedi uma força quando fosse gravar minhas próprias músicas. Conversei com ele e fomos eu, ele e a sua esposa, Dona Cissa, para Belém/PA, num estúdio de um amigo do Arão. As gravações iam durar um mês, mas foi todo feito em dois dias e meio”.
Músico nato e sem nenhuma habilidade com partituras ou até mesmo com a escrita, já que é analfabeto, Cajazeiras conta como começou a gravar. Método esse que ele usa até hoje. “Quando fui gravar o produtor me pediu as músicas anotadas, eu só apontei pra cabeça dizendo que tava tudo na minha cabeça, ele achou que eu era um louco e não queria gravar. Aí eu disse pra ele botar um E (Mi maior) no teclado, ele botou e eu já “arrochei” a primeira música, que foi a canção “A Gigana Falou”. Quando acabou ele ficou espantando, aí pedi outro tom e já fomos gravando tudo, eu ia dizendo na boca como era os solos da introdução e as músicas foram surgindo. No final ele disse que eu era um fenômeno”.
Cajazeiras explica como compôs “Pé de Cajazeira”
Entrevista concedida no dia 14 de Outubro de 2010 em sua casa, na Cidade Nova, povoado que fica a 10km de Chapadinha, a nordeste do Maranhão.
Discografia (clique para fazer o download)
1999 – Tonny Cajazeiras (gravado em Belém, Pará)
2001 – Reggae Chap (gravado no Rio de Janeiro)
2006 – Fôrma de fazer Gente
2010 – Tonny Cajazeiras e sua Sanfona
Nota do jornalista:
A primeira vez que ouvi falar de Tonny Cajazeiras foi em 1999, no lançamento do seu primeiro disco. Eu, ainda adolescente, vi a fama desse cabôco sair da cidade e atingir todo o estado. O seu potencial de criar canções populares era impressionante e rapidamente suas músicas correram toda a cidade e caiu na boca do povo. Após o sucesso do seu primeiro disco, Cajazeiras se tornou um artista muito visado na região, o que lhe rendeu o convite de um produtor para gravar e “tentar a sorte” na cidade do Rio de Janeiro, onde gravou seu segundo disco, Reggae Chap. Porém, o compositor não se habitou a cidade e, como conta em sua música “Caboclo índio”, do disco Tonny Cajazeiras e Sua Sanfona, “chorei de saudade, lembrando das minhas amizades, meus amigos meu torrão, voltei porque aqui já conhecem o meu rojão”.
De volta, continua sua peregrinação por aquilo que ele mais gosta: tocar pelas centenas de povoados que existem entre Chapadinha e Mata Roma. Nos vai-e-vem da vida, ele grava o terceiro disco, o Fôrma de Fazer Gente, outro grande sucesso em todo o estado. Nesta época Cajazeiras ganha o apelido de “O Índio do Brega” e começa a produzir músicas mais dançantes. Uma peculiaridade neste disco é que em todas as músicas há uma introdução de um locutor, que apresenta o tema central da música ou que complementa a letra que virá a seguir. Algo característico do reggae maranhense e da música brega nordestina.
O quarto disco é o melhor, em minha opinião. Nele, todas as melodias são baseadas na sanfona e apresentam maior maturidade musical e melhores condições técnicas de gravação, incluindo músicas instrumentais, até então inédito em sua discografia. Quatro músicas foram incluídas as pressas neste disco. Isso porque a prefeita da cidade de Mata Roma, Carmen Neto, prometeu que se Cajazeiras colocasse quatro músicas de quadrilha (São João) o governo municipal daquela cidade bancaria o disco todo. Com sua habilidade de repentista, o músico criou as quatro músicas num só dia e já se pôs a gravar.
Primeiro consegui o número de uma vizinha dele, que me colocou para falar com ele. Saindo dos limites de Chapadinha, eu não sabia exatamente onde encontrar sua casa. A única referência que tinha era seguir a estrada de chão durante 10km. Avistei o povoado de Cidade Nova e comecei a perguntar por Cajazeiras, é claro que todo mundo sabia onde o sanfoneiro morava. Cheguei lá e ficamos uma tarde na calçada. Ele logo identificou pessoas da minha família que conhecia, isso facilitou o encontro. E daí começamos a gravar. A sua musicalidade é o que mais me impressionou. Afinal, são 49 anos em cima do palco, criando músicas, testando melodias. Nas gravações que fiz naquela tarde, ele queria mesmo era mostrar músicas inéditas, devido a sua ânsia de mostrar coisas novas. Por insistência minha, gravamos duas músicas do primeiro disco – o clássico. Pra mim,foi uma honra gravá-las.
“Seca no Maranhão” é uma canção inédita, feita sob encomenda"
do jornalista chapadinhense Dewis Caldas que é destaque em Cuiabá - MT